É também chamado
Beato Angelico,
fra Giovanni ou
fra Giovanni da Fiesole (
fra é italiano para
frei) por ter ingressado no convento dominicano de
Fiesole, em
1407. Guido di Pietro, ou Guidolino "da Pietro" (i.e., filho de Pietro), porém, foi seu nome de batismo.
Ao ingressar no convento já tinha recebido treinamento artístico. Entre
1409 e
1418 foi exilado, com o resto da comunidade, por se oporem ao
Papa Alexandre V. Em 1436 ele e a comunidade se deslocaram para o convento de São Marcos, em Florença, onde começou a pintar as paredes. Em
1447 e
1448 esteve em Roma, e de novo em
1452, trabalhando na corte do papa, decorando as paredes da capela do
Papa Nicolau V, no
Vaticano e aceitando encomendas em
Orvieto. Prior do Convento de Fiesole entre
1448 e
1450, continuou a trabalhar em Roma e Florença.
Supõe-se que estudou a arte da iluminura com
Lorenzo Monaco, cultivador do estilo gótico internacional. Influenciado por
Gentile da Fabriano, e por
Lorenzo Ghiberti, Fra Angelico adotou novas formas da Renascença em seus
afrescos e nos painéis, desenvolvendo um estilo único, caracterizado por cores suaves, claras, formas elegantes, composições muito contrabalançadas. Acrescenta a sua linguagem pictórica as contribuições de
Masaccio, enriquecidas com um achado genial:
o uso da luz com uma intenção nada naturalista mas estética, expressa através de um uso inteligente da cor. Sua pintura essencialmente religiosa está dominada por um espírito contemplativo pois concebe a pintura como uma espécie de oração. Seus temas mais frequentes e característicos são a Virgem com o Menino, a coroação da Virgem e a Anunciação.
Nas suas representações do paraíso, pinta com dedicação e amor franciscanos flores e ervas dos prados por onde caminham os escolhidos. Uma das suas obras de mais substância é «A Descida», em que se presta mais atenção à veneração e amor dos santos que ao sofrimento de Cristo.
Do ponto de vista técnico, Fra Angélico parte do gosto preciosista e delicado do gótico internacional, enriquecido com o interesse pela perspectiva característico da época. Insiste mais na linha que na cor. Pelos seus temas, pelo seu tratamento da natureza, pela sua incorporação da arquitectura, é inequivocamente renascentista. Pinta frequentemente em colaboração com os seus discípulos.
Em suas pinturas também expressa o sentimento interior das pessoas, como na Obra O Juízo Final, Fra Angelico tenta expressar o amargo e a alegria numa sintonia de cores vivas saindo do padrão Medieval que era voltado somente a Deus e entrando no Renascimento que era voltado ao homem.
A maior parte das suas obras conservam-se no claustro, nas celas e nas salas do mencionado Convento de S. Marcos, cujas paredes mostram murais com cenas e figuras religiosas («Dois Dominicanos Atendendo Jesus Peregrino», «S. Pedro Mártir»). De entre os frescos da
Capela Nicolina, a capela do
Papa Nicolau V no
Vaticano, destacam-se «A Lenda da Santo Estêvão» e «A Lenda de S. Lourenço».
Entre as suas obras principais estão o "Retábulo da Madona", em Perugia; a "Coroação da Virgem cercada por anjos músicos" (Louvre, Paris); o "Cristo cercado de anjos, patriarcas, santos e mártires" (National Gallery, Londres); a "Anunciação" (Prado, Madri); e o "Juízo final" (Galeria Nacional, Roma).
No dia
14 de novembro de
2006 foram encontrados mais dois painéis por eles pintados, perdidos há mais de 200 anos, numa modesta casa em
Oxford, na Inglaterra.